11.4.12

Jockey Clube, 07/04/2012



Ficou evidente desde a escalação das bandas, que o primeiro dia do Lollapalooza Brasil se resumia em um show do Foo Fighters com várias bandas de abertura. Talvez esse efeito fosse um pouco minimizado se a banda liderada por Dave Grohl fizesse mais alguns shows por aqui.

O sol escaldante da capital paulista não acalmou os ânimos da multidão que crescia em número dentro do Jóquei Clube. A organização da entrada foi muito boa e rapidamente já estava pisando na grama. Começando a tarde com Wander Wildner, que apresentou um ótimo show, onde faltou apenas a clássica "Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo" (pelo menos não cheguei a tempo de ouvir). Passado alguns minutos na sombra ao som de Marcelo Nova, o Cage the Elephant sobe ao palco Butantã as 15 em ponto e fez uma boa apresentação também. O frontman da banda tinha uma grande presença de palco e na segunda música já tinha se atirado na plateía, que foi a loucura. O cara tava no brilho, só pode. Conhecia algumas músicas da apresentação, e me pareceu que o som estava meio prejudicado, principalmente na guitarra e no vocal. Os destaques vão para músicas como a de abertura "In One Ear" e "Back Against the Wall". Mas os sol escaldante me fez procurar uma sombra antes do fim dessa apresentação.

Wander Wildner no Palco Butantã

Sendo testemunha do êxodo de pessoas que estavam no palco Butantã para o palco Cidade Jardim (o do Foo Fighters), chegamos a conclusão que seria melhor se bandear para aqueles lados o quanto antes. Com isso, conferi o agitado show d'O Rappa, que é um grupo que respeito, e fez a galera cantar vários clássicos do grupo de Falcão e cia. Show bom, o que fazia o tempo não demorar tanto a passar. Quando acabou o show do O Rappa, algumas pessoas até que se retiraram do palco Cidade Jardim, mas já era perceptível que milhares de pessoas já iam ficar por ali desde as 5 até as 8h30, horário do Foo Fighters. Nesse meio tempo, 1 hora de fila pra comprar comes & bebes pro pessoal (deveria ter comprado todos os tickets antes), onde era tudo múltiplo de 4 reais. Ô cotação mais alta dessa tal de "Pilapalooza"! Mas tudo bem. Até voltar ao lugar que "reservamos", TV on the Radio já estava no palco, e presenciei um bom show. Gostei mesmo, mas como estava me preparando para mais tarde, preferi ficar sentado/deitado, assim acabei só ouvindo o show inteiro quase. Depois disso, mais 1h15 de espera, que até não demorou tanto.

Isso porque o Foo Fighters subiu ao palco com uma pontualidade invejável (digno de Guns n' Roses), e ali já ganhava muitos pontos com o público. A expressão de Dave Grohl, de alegria, de satisfação por estar no Brasil após 12 anos estava estampada no seu rosto. E no meio daquele agito inicial entre banda e platéia, surgem os riffs iniciais de "All My Life". Muitos não esperavam essa música para abrir o show, inclusive eu. A surpresa foi muito boa, logo de cara eles soltam uma de minhas preferidas. Não deixando o público ficar parado, eles disparam a clássica "Times Like These" e "Rope", um dos singles do último álbum. Depois de todo o agito causado por "The Pretender" foi a vez da galera cantar em coro "My Hero". Na sequência, ainda tinha "Learn To Fly". Tantas clássicas logo de início poderiam fazer qualquer um pensar que a apresentação perderia o nível nos blocos seguintes. Com muita conversa entre Grohl e o público, o show seguiu com "White Limo" e "Arlandria", duas faixas de "Wasting Light". Quando Dave pega sua guitarra e dá seus primeiros acordes, logo imaginei "Breakout!". Não deu outra. O coro do público cantando o primeiro refrão, com a banda apenas apreciando foi um dos momentos mais marcantes do show. Mais um ato terminado, hora de uma jam. Dave apresenta os membros da banda, que mostram suas habilidades, e quando chega a vez de Pat Smear, eu pensei que finalmente iria ver ele mostrar suas habilidades e justificar sua participação no Nirvana e no Foo Fighters. Mas o cara simplesmente pega a guitarra e esfrega na caixa de som. Claro que a galera vai a loucura com a atitude, aplaude e grita, mas Smear ainda fica devendo. Quando Taylor Hawkins é apresentado, todos aplaudem muito ao que é um dos grandes bateristas da atualidade. Ele faz seu solo, mas chama Grohl para as baquetas, o que o público aprova com louvor, é claro. Isso tudo era uma justificativa para Hawkins ir para o microfone cantar "Cold Day in The Sun", uma das faixas mais melódicas e lentas da apresentação. Voltando a frente do palco, Grohl inicia a grande "Long Road To Ruin", e depois, finalmente, uma música do primeiro CD, "Big Me". Aí, uma de minhas preferidas começa a tocar: "Stacked Actors" tem que estar em qualquer show dessa banda. A faixa se estica com mais alguns minutos de jams onde na vez de Smear se apresentar, ele quebra sua guitarra e sai do palco. O auge dessa foi quando Grohl toca um trecho de "Feel Good Hit of The Summer" do Queens of the Stone Age como intro do derradeiro e matador último refrão. Com essas últimas faixas, o público deu uma esfriada, pelo que pude perceber, mas "Walk" tratou de agitar tudo novamente. "Generator" não é unanimidade entre o público, mas curti a escolha pro set. "Monkey Wrench" voltou a agitar a galera e fez Grohl se preparar melhor para fazer seu característico berro. Faixas mais antigas como "Hey, Johnny Park!", "This is a Call" e o cover de Pink Floyd "In The Flesh?" (curti essa, não sei porque), deixaram o publico mais parado. Mas "Best of You" não. Todos cantaram a faixa inteira, e surpreendaram a banda com os milhares de cartazes com "OH!" na hora do coro final. Grande fim da primeira parte do show.

Dave Grohl se diverte no LollaBr

Com Grohl e Hawkins, no telão, brincando com público e negociando quantas músicas mais deveriam tocar, ficou perceptível que essa banda é diferenciada das demais no cenário atual. Chegando ao consenso de que tocariam mais 5 canções, eis que os caras nos surpreendem novamente: primeiro porque acabaram tocando mais 6, segundo porque voltaram com a rápida, pesada, e surpreendente (pro setlist) "Enough Space", e depois seguiram com a antiga "For All the Cows" e a novíssima "Dear Rosemary". E por último, por chamarem ao palco a grandiosa Joan Jett, após vários agradecimentos de Dave à ela mesma, Perry Farrel, Jane's Addiction ("Eles foram o Led Zeppelin da minha geração!") e ao Lollapalooza. Tocaram "Bad Reputation" e "I Love Rock And Roll", mais clássicas, impossível. Depois, para a alegria geral da nação, a esperada e até certo ponto previsível - quem se importa - "Everlong". Épica, e emocionante, fez algumas dezenas de pessoas entoarem seus versos.

Fim de show, Grohl agradece ao público com beijos e corre de um lado ao outro do palco com a famigerada bandeira do Brasil. Missão cumprida com êxito, superando problemas na garganta, que em alguns momentos foram visíveis, digo, audíveis. Aos que presenciaram esse momento, restou voltar pra casa, e guardar na memória esse show histórico, o que não deve ser muito difícil.

Para mim, poderia rolar algumas músicas do debut album, como "I'll stick around" e "Oh, George", ou até as mais recentes "Bridge Burning" e "Back and Forth", mas não tem como tirar qualquer faixa escolhida pro set pra substituir. Para mim, as passagens mais marcantes dessa apresentação ficaram com "All My Life". "Breakout", "Stacked Actors", "This is a Call" e "Best of You". O set completo, aqui.

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