4.4.12

Estádio do Morumbi, 01/04/2012


Se me perguntassem a alguns meses atrás se eu iria em um hipotético show do Roger Waters, eu iria perguntar: "Quem é esse cara?", e na verdade foi o que fiz, no fim do ano passado. Nunca fui muito propenso a escutar Pink Floyd, escutava lá de vez em quando as antológicas "Another Brick in The Wall Pt.2" e "Wish You Were Here". Pois bem, acabei baixando o "The Wall" por curiosidade, só que mais por vontade de ouvir "Comfortably Numb" em um fatídico dia. E poucos dias depois, quando percebi que estava ouvindo o álbum umas 50 vezes ao dia, resolvi embarcar no espetáculo que Roger Waters iria nos proporcionar aqui no Brasil.

Quanto a organização do show, foi a melhor que eu já presenciei. Isso porque "The Wall Live" precisava ser apresentado em uma area/estádio. Em outros shows as pessoas formavam uma fila quilométrica pra se afunilar em uma única entrada. A entrada foi rápida, e a escolha do lugar não foi muito complicada, visto que entrei no estádio umas 2 horas e meia antes de o show começar. Primeiro show sem ser na pista. Olhei para cima, em um dos refletores, e percebi um pequeno avião pendurado, com um cabo que o levava até o grandioso muro, somente esperando a sua hora de entrar em cena. A empolgação só aumentava.

Avião pronto pra entrar em ação
O tempo até que passou rápido, apesar do pequeno atraso (15 minutos). Mas quando os projetores se voltaram ao muro, as luzes do estádio se apagaram, e os primeiros acordes de "In the Flesh?" saíram das várias torres de som em volta do estádio, tive a certeza de que um grandioso espetáculo estava por vir, se é que restava alguma dúvida disso. Ao fim da música, o avião faz seu papel, atigindo o muro, e o efeito sonoro de sua queda e impacto foi incrível. Fogos de artifício e um show de luzes escerraram a primeira faixa. Seguindo, "The Thin Ice" para dar uma acalmada nos ânimos. Depois, uma das melhores sequências do álbum (Another Brick in The Wall Pt.1/The Happiest Day of Our Lives/Another Brick in the Wall Pt.2) já me fez pensar que o show poderia acabar ali, que o ingresso já tinha valido a pena. O efeito sonoro do helicóptero que inicia "The Happiest" foi incrível, e as crianças cantando a segunda parte de "Another Brick", também. Ao final, todas elas "atacando" o gigante professor que atormenta suas vidas. O show poderia ter acabado ali, mas ainda tinha muito, mas muito mais. A grandiosa "Mother" foi entoada por muitos, e o solo em que ela culmina é um dos melhores da peça. "Goodbye Blue Sky" serviu para dar mais uma acalmada, e as imagens no telão foram espetaculares. Uma de minhas favoritas do primeiro ato, "Empty Spaces" (para mim uma introdução a "Young Lust") ficou meio camuflada com a entrada de "What Shall We Do Now?" no meio, música ausente no álbum. "Young Lust" apresenta grandes guitarras e imagens "calientes" no telão/muro. Após isso, "One of My Turns", que apresenta grande evolução. Então, uma de minhas preferidas do álbum, que não decepcionou na apresentação: "Don't Leave Me Now". Para encerrar o primeiro ato, mais uma pitada de "Another Brick in the Wall", na sua terceira parte, "The Last Few Bricks", outra ausente no disco, e a melancólica "Goodbye Cruel World", para deixar o muro completamente fechado. Era hora do intervalo, luzes acessas novamente.


Depois de 20 minutos em que o palco serviu de mural para apresentar vítimas de guerra, as luzes se apagam novamente e os acordes marcantes de "Hey You" levantam o público na mesma hora. Nesse momento o show estava focado apenas nas projeções do muro e os efeitos sonoros, visto que a banda estava atras do colosso de 11 metros de altura. Uma de minhas preferidas do segundo ato, "Is There Anybody Out There?", também marcou pelas imagens exibidas e pelos seus acordes finais. Uma abertura é feita no muro, e então temos Roger Waters sentado em uma poltrona, em um cenário de hotel, cantando "Nobody Home" e depois "Vera" e "Bring The Boys Back Home" com imagens de soldados voltando pra casa. Essas quatro belas canções têm para mim o pretexto de nos preparar para o momento mais marcante e emocionante da noite. A épica "Comfortably Numb" fez os milhares de fãs se levantarem nas arquibancadas novamente e entoarem seus versos. Com Waters a frente do muro, efeitos visuais hipnotizantes e solos memoráveis da guitarra de Dave Kilminster, o público ficou confortavelmente estasiado. Para seguir e quebrar um pouco o gelo, temos "The Show Must Go On" e "In The Flesh!", que agitou o público novamente, com belas cenas e muita crítica social envolvida. Outra que empolgou bastante o público foi "Run Like Hell", e "Waiting For The Worms", com Waters de megafone, nos hipnotizava com suas imagens e nos preparava para o gran finale do show. Com "Stop" como preparativo, "The Trial" encantou com a animação exibida, culminando com a tão esperada derrubada do muro, aos gritos de "Tear down the wall!". Para encerrar, "Outside The Wall", tocada aos aplausos do público, e após isso, Roger Waters apresenta cada um dos músicos enquanto eles vão deixando o palco. Fim do espetáculo, ali, no estádio, mas não na memória das aproximadamente 70 mil pessoas que presenciaram esse épico.
 

Setlist 
- Parte 1:
1 - In the Flesh?
2 - The Thin Ice
3 - Another Brick in the Wall (Part 1)
4 - The Happiest Days of Our Lives
5 - Another Brick in the Wall (Part 2)
6 - Mother
7 - Goodbye Blue Sky
8 - Empty Spaces
9 - What Shall We Do Now?
10 - Young Lust
11 - One of My Turns
12 - Don't Leave Me Now
13 - Another Brick in the Wall (Part 3)
14 - The Last Few Bricks
15 - Goodbye Cruel World

- Parte 2
1 - Hey You
2 - Is There Anybody Out There?
3 - Nobody Home
4 - Vera
5 - Bring the Boys Back Home
6 - Comfortably Numb
7 - The Show Must Go On
8 - In the Flesh
9 - Run Like Hell
10 - Waiting for the Worms
11 - Stop
12 - The Trial
13 - Outside the Wall

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